sexta-feira, 12 de junho de 2020

14 de Dezembro • Amor de Verão

Era uma quinta-feira de verão, quando tudo começou. Poderia ser a minha estação favorita se essa posição já não estivesse ocupada pela primavera. Ele estava lindo com aquela camisa social. Já o tinha notado em outras situações, mas foram raras as vezes onde viemos a conversar. Éramos calouros do mesmo curso, meros colegas de classe. Havia marcado de ir ao cinema com uma amiga após a última prova do semestre, porém, enquanto a esperava naquele sufocante corredor no qual passei os últimos quatro meses transitando, esbarrei com quem viria ser o amor da minha vida.
Trocamos poucas palavras, mas percebi que ele estava nervoso com algo. Comecei um assunto aleatório e acabamos dialogando sobre a prova que acabará de concluir. Mal conseguia deter-me ao tópico discutido, homens inteligentes sempre foram meu ponto fraco.
Minha amiga saiu da sala de aula, nos encontrando conversando no corredor. Acabei convidando-o para ir conosco assistir Extraordinário, não desejava que aquela conversa terminasse. Ele recusou o convite, estava retirando-se para outro compromisso.
Passamos a trocar mensagens praticamente todos os dias. No início do novo ano, marcamos de ver um filme e deixei-o encarregado de escolhe-lo. Após várias sugestões entre os filmes em cartaz, optou por "O Rei do Show". Ainda trocando mensagens, sugeriu-me que fizéssemos uma aposta. A obra cinematográfica selecionada me agradaria? Se fosse negativo, eu ganharia chocolate, se fosse positivo, ele ganharia um beijinho, ainda que apresentasse duplo sentido, referia-se ao doce.
Troquei de roupa várias vezes até eleger a melhor. Mesmo que não estivesse a espera de um encontro romântico e sim de um passeio entre amigos, queria estar apresentável. Vesti uma camisa listrada de preto e branco e coloquei minha gargantilha favorita. 
Encontrei-o sentado na cafeteria próximo a bilheteria. Se minha memoria não falha, minha companhia usava uma blusa de moletom cinza, digitando algo no celular. A história da obra que assistimos era agradável, porém, ao longo dela notei que tratava-se de um musical. Os únicos musicais que gosto são do gênero animação, mas ele não detinha essa informação.
Após o filme passeamos pelo shopping, conversamos animadamente sobre nossos interesses com o intuito de nos conhecermos um pouco mais. A companhia era excepcionalmente formidável. Apreciei cada momento ao lado dele, gostaria que saíssemos mais vezes, mas não verbalizei esse desejo.
Ao sairmos do shopping, tropecei na escada e suas mãos me seguraram, não desvencilhei minha mão da dele, estava confortável com nossos dedos entrelaçados. Como estava tarde e meu celular estava na mão, acabei guardando-o no bolso do seu moletom cinza. Ele me acompanhou até o ponto de ônibus e comentou sobre a nossa aposta do dia anterior, nossos olhares se encontraram e eu o beijei. Um beijo muito mais carinhoso do que quente. O ônibus chegou e fui para casa pensando no que ocorreu naquela noite, quando dei-me conta, havia esquecido meu celular com ele. Nos comunicamos por outra rede social e marcamos um encontro no dia seguinte, para que eu pudesse buscar meu celular.
Ao chegar na universidade, encontrei-o e ele devolveu-me o celular. Sentamos na arquibancada e conversamos amenidades. Ele fez uma piada ruim com o meu nome, a qual não lembro. Comecei a roer as unhas, ele segurou minhas mãos e eu o beijei novamente. Um beijo muito mais delicado que o primeiro, porém, parecia que ele não gostaria de estar ali. Deduzi que não desejava estar comigo daquela forma, que eu havia confundido a situação do dia anterior com algo sentimental. Inventei uma desculpa qualquer para sair daquele lugar, ele me acompanhou até a academia e nos despedimos nesse momento.
Tive dúvidas reais sobre o que de fato aconteceu. Quanto mais pensava sobre o assunto, mais hipóteses surgiam. Eu fiz algo errado? O momento não era certo? Ele não queria? Éramos apenas amigos e deveríamos permanecer assim? Milhares de dúvidas inundaram minha mente. Nenhuma resposta.
Eu não buscava um relacionamento sério, certo? Acreditava não estar pronta para isso. Era muito nova e queria levar uma vida de adolescente, errando como adolescente, com paixonites diversas, mas nada sério. Tendo consciência disso, afastei-o. Diverti-me nas diversas festas que frequentei nesse período, mas sentia falta da companhia daquele Nerd.
Aos poucos retornamos as trocas de mensagens. Estava divertido dialogar com ele daquela maneira, sentia falta dos nossos assuntos aleatórios. Após alguns dias, marcamos de assistir outro filme, dessa vez eu escolhi. Não lembro exatamente qual foi, mas era um filme de suspense, praticamente terror. Levei um certo tempo para me arrumar, confesso que demorei para decidir o que iria vestir. Encontrei-o no shopping, passeamos, tomamos sorvete, conversamos muito, como qualquer casal, apesar de não sermos um.
O filme iniciou, levei um susto com a abertura do telão. Ele sorriu e brincou diversas vezes com o incidente. Mal lembro o conteúdo da obra cinematográfica, estive ocupada observando a minha companhia e desejando que ele agisse como casal e não apenas como um amigo.
A tarde foi imensamente agradável, realmente divertida. Mal sabíamos que seria a última, mas não seria um adeus definitivo, apenas um até logo. Um amor de verão não precisa durar somente nessa estação, pode durar em todas as outras, assim como em todos os outros anos...


Nossa história continua... P.s.: Eu te amo, meu anjo <3

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